domingo, 7 de junho de 2009

VARSÓVIA

Pombos que voam pra lugar nenhum
Rostos sem sentido algum
Pés descalços
Olhos ilhados

Sombras que chegam
Sem saber de onde
Caminhos perdidos
Sem horizonte

Corpo suado
Praia sem mar
Coração alado
Sem poder voar

UMA MANHÃ COMO AS OUTRAS

O sol nasceu triunfante
Rasgou a noite com seus raios
Encantando as florestas
Espalhando o riso de uma nova manhã

Sua luz, seu calor, tudo enfim
Foi invadido por uma sublime canção
Sua força, sua perfeição, sua alegria
A vida começa nascer então

A manhã ilustrada com um sorriso
Encantada com os pássaros
Poetas mágicos da natureza
Cantam a vida o tempo todo

As flores abrem-se sorridentes e belas
Perfumadas, amantes eternas
Fazem da vida uma nova esperança
Com suas cores, vivas e puras

Um riacho
Um verde sem fim, um cheiro agreste
Uma manhã como as outras
Que nasce para um dia qualquer

UM RAIO DE SOL

Meu coração
Deixou escorrer uma lágrima
E uma estrela
Estava presente nessa desventura

Uma ousadia
Derreteu minha montanha gelada
E um raio de sol
Abateu meus olhos no amanhecer

Uma voz fria e cortante
Me atirou ao acaso
Fiquei com uma estrela
Na minha noite sem fim

sábado, 6 de junho de 2009

SEREIA

Ondas chegam solitárias
E se quebram na areia
Uma princesa na beira da praia
Feito sereia
Que invade minhas veias
Que cativa minha aldeia
Gestos simples que cativam
Minha alma
Fazendo-me prisioneiro
No infinito azul
Num mar de olhos verdes
No paraíso agreste
De um corpo celeste

SEM NOME

Sempre ando no mesmo lado da rua
Sempre olho nas esquinas vazias
Nas janelas escondidas
Atrás da noite sem lua

Sempre estou no mesmo trecho da vida
Como um barco à deriva
Como meu dia a dia
Como uma ilha perdida

Ando pelas trilhas da montanha
Sem bússola para me guiar
Sem caminho para chegar
Sem objetivo para agarrar

Um dia terei a certeza
Que vou encontrar minha cidade perdida
E buscar em suas ruas
Um sentido para a vida

quinta-feira, 4 de junho de 2009

PRETO E BRANCO

Uma flor
Uma luz que vi
E não consigo saber onde
Mas senti o sabor do mel
Do sal
Um frescor que veio do mar
São ventos que ouço
São fortes conquistados pelo tempo
É um sonho que não tem cores
As cores fazem falta
Meu sonho é preto e branco
Imagens que se misturam
No meu vazio
Fundo
Vou ao fundo
Mas meu sol é além do deserto
Estou distante como meu coração
Estou perdido em preto e branco
Sem cores
Sem flores
Meu perfume é vazio
E um rio perde seu rumo
No fundo do meu quintal

PELAS TRILHAS

Ando perdido pelas trilhas
Lado a lado com as lembranças
Que iluminavam meus dias
De aventuras e andanças

Ando enfraquecido pelo tempo
Sem vento
Que me leve a qualquer lugar
Sem amar
Sem parar para sentir
Sem destino para fugir

OUTRO LADO DA LUA

Há quanto tempo
Não sei o que seguir
Tenho medo de partir
E descobrir
Que do outro lado da lua
Não existe
O que eu pensava existir
Havia um desejo imenso
No meu coração
Que afundou como uma ilha
E até hoje
Estou tentando encontrar
Há quanto tempo procuro
Iluminar
Meu lado obscuro
Para poder partir
Sem medo do escuro

OLHAR DISTANTE

Há muito não consigo entrar na minha rua
Há muito não encontro meu caminho
Um passo
E estou do outro lado do trilho

O mundo ficou para trás
Um olhar distante
E tudo se perdeu
No vento do acaso

Há muito não consigo saber quem sou
Há muito não encontro meu caminho
Minha casa ficou no passado
E hoje não consigo sorrir

NINGUÉM É UM PARAÍSO

Sou solto no mundo
Sou livre na vida
Mas não sou um paraíso
Ninguém é um paraíso

Há sempre espinhos no caminho
E nas flores que amamos
Há nuvens cinzentas no céu
Que perturbam nossos olhos

Sou herança que veio no vento
Para sofrer com minha terra
Não sou livre, pensei que fosse
Porque não sou um paraíso

Ninguém é um paraíso
E eu queria apenas
Ver a luz do sol
Ainda que ficasse triste

quarta-feira, 3 de junho de 2009

MINHA JANELA NÃO DÁ PARA O CÉU

Minha janela não dá para o céu
Não é coberta por um véu
Está de frente pra rua escura
Onde passam pessoas inceertas
E às vezes nasce uma esperança
Que morre na esquina fria

Minha janela não é vida
Não recebe a luz do sol
Só recebe a agonia
Que vem de nossas frustrações
Que está em cada parede
Em cada canto da melodia

Meus olhos sumiram numa tarde de chuva
Se perderam num lugar qualquer
Só ficou o gosto amargo
Que nasceu com a solidão
Minha janela não é vida
E nós somos um mundo distante

MINHA FÉ NÃO REMOVE MONTANHAS

Minha fé não remove montanhas
Não sei onde chegarei assim
Não sei se tenho futuro
Sou um abismo sem fim

Quero viver
Mas não tenho onde ir
Quero um país dentro do meu corpo
E viver solto

Quero uma verdade
Não sou uma cidade
Não tenho segredos
Nem estradas

Minha esperança é eterna
Mas não sou forte
Tenho medo da morte
Mesmo que seja bela

Minha fé não remove montanhas
E não tenho onde ir

MAR ABERTO

Se procuro você
Não sei como procurar
Não sei onde encontrar
Procuro seus olhos
E não ouço nada
Não vejo o brilho da sua palavra
E me perco na estrada
Se o sol ilumina meu caminho
Tenho medo de seguir sozinho
Se você visita minha casa
Não sei como abrir a porta
Se você está
De braços abertos
Nunca estou perto
Se o mar se abriu para mim
Esqueci de atravessar
Meu paraíso ficou distante
E não consigo sorrir como antes

LUZ PARA NAVEGAR

Um sorriso tímido
Um jeito quase cristalino
Que fica ao leste
De onde imagino

Um andar tranquilo
Natureza que me abriga
Na penumbra do instante
Que me perco de onde estou

Olhar que diz qualquer coisa
Que parece acalmar
Que serve como abrigo
Como luz para navegar

LEMBRANÇA

Uma lembrnça passageira
Fez nascer uma esperança
Solitária nas minhas
Veias desertas

Já havia esquecido tudo
Estava adormecido
No meu leito
E sua lembrança
Levou minha paz
Nesse final de tarde

Uma lembrança
Que quebrou meu silêncio
E me abraçou
Na minha esquina perdida

terça-feira, 2 de junho de 2009

INOCÊNCIA

De repente, o olhar se fez sorriso
A lágrima que escorria se fez alegria
No coração, a pureza que sorria
Ficou ainda, mais que sempre, infantil
O tempo parou
As estrelas choraram
O sol e a lua se amaram
A flor se abriu para a vida
Com saudade
São o sorriso e o olhar da criança
Que com o peito repleto de esperança
Implora ao homem
Um momento de felicidade

HAVIA

Havia uma intensa
Sensação de novidade
Um sabor de morango
Um aperto mais suave
No abraço apertado
Havia uma imensa
Emoção nos olhares
Um brilho sensual
Nos seus lábios
Que seduziam minha alma
Havia um carisma
Nas suas mãos
Deslizando no meu corpo
Trêmulo
Havia você
No meu passado remoto

FRONTEIRA

Minha fronteira é longe do seu corpo
Distante de sua trilha
Ao inverso do seu perdão

Minhas águas não são seu caminho
Meu sol não tem seu calor
Sou amargo
E não tenho um pedaço de chão

Sou fruta sem sabor
Sou pele sem cor
Sou casa sem jardim
Sou caminho sem fim

FLOR

Uma flor virou canção
Abriu-se e sorriu
Amei você que virou lembrança
Sorri, chorei, encantei

Colhi uma flor no jardim
Para oferecer-lhe com ternura
Fui afastado, atirado
Num jardim vazio, sem flores

ESTRELA CADENTE

No canto
Um sorriso triste
No olhar
Um jeito simples

Na vastidão
Um campo livre
Para andar
Sem ser notado

Na lua um brilho qualquer
Uma parte da noite
Um açoite
Um veleiro perdido na maré

Uma estrela cadente
No canto do olhar
Uma vontade
De aprender a amar

EM BUSCA DO GRAAL

Sou um cavaleiro
Em busca do graal
Em busca da minha aldeia
De quem me semeia
Minha batalha negra
Não terá fim nem com o tempo
Sou vento
Sou alento
Você está de braços abertos
Estou incerto
Tenho medo de Te abraçar
De me entregar
De me perder
Procurando você

DESLIZES

Caminhando pela chuva
Vou tentando encontrar
O que me fez perder você
O que me fezesqueceer você

Caminhando pela chuva
Ouço o sorriso quieto da brisa
Que toca no meu rosto
Um sussurro qualquer

Caminhando pela chuva
Tento encontrar meus passos sem cadência
Meus sonhos impossíveis
Meus países e deslizes

Na chuva encontro meu olhar sutil
Meu rosto de perfil
Minha alma selada
Minha andança amarga

CRUZADA

Não tenho cruzes para carregar
Também não sei amar
Arar meu campo
Preciso de um manto
Para aquecer minhas noites frias
Não vi a estrela
Cruzar o céu
Meu oceano é escuro
E não tenho onde caminhar
Minha palavra não sai do lugar
Vou sufocar
Vou naufragar
Numa ilha sem apocalypse
E não vou flutuar
Não sei se vou viver
Para poder me salvar
Meu horizonte é vazio
E meu olhar já se perdeu

segunda-feira, 1 de junho de 2009

CORES

Havia um brilho
Tão longe que meus olhos não tocavam
Tão longe que meus olhos não imaginavam
Longe
Estou numa terra distante
Sem guerra, sem dor
Mas com os sonhos presos
Sonhos que não podem voar
Caminhar
Apenas um lugaar existe para meus olhos
Um lugar escuro
Sem brilho
O brilho está longe
Muito além do que consigo ver
Meus passos limitam-se no quarto
Tenho medo de abrir a janela
E descobrir as cores do céu
Tenho medo de abrir a porta
E descobrir um lugar ao sol
Minhas mãos não sabem tocar meu rosto
À noite sonho com o vento tocando minha janela
E ouço apenas sua amargura

COLINA

Quero subir a colina
Ir onde meus olhos conseguem alcançar
Amar
Abraçar o vento

Quero sentir seus olhos
Sentir seu corpo
Que nunca tentei abraçar

Seguir meu caminho
Num corredor de luzes
Escuro
Sem ter por onde voltar

CHUVA

Eu sorri
Cantei
Chorei
Fui feliz e não suportei
Me escondi numa curva qualquer
A chuva molhou meus olhos
Tentei um começo
Mas encontrei palavras
Tentei um deserto
Mas minhas esquinas não se encontravam
Deixei um poema inacabado
Ele falava de amor
Eeu não sei falar de amor
Minha ansiedade é viver
Fugir para uma praia distante
Onde o sol faça parte do meu sonho
Meu sonho é azul
É verde
Não consigo descobrir
Por que nunca vou conseguir olhar?
Só queria nascer novamente
E escrever um verso
Distante
Mas que tocasse seu rosto
No fundo do seu mar
Onde ninguém consegue chegar
Eu não cheguei
Apenas tentei chegar ao espaço
E olhar para meu rosto
Que ficou sem rumo na chuva

CASA

Uma vez um amigo
Sonhou com uma casa
Eu também procuro
Uma casa para morar
Com um lugar no quintal
Para olhar as nuvens passarem
Quero uma casa simples
Com uma janela
Que estará sempre aberta
Esperando o amor entrar
Na minha casa
Vou escrever mensagens
Que mandarei os pássaros
Espalharem pelos ventos
E falarei da paz
Que existe aqui dentro
Da minha casa maior

CAMINHO TRAÇADO

Vou traçar meu caminho
Num destino incerto
Partir num caminhão
Num vão
De espaço aberto

Fugir comouma pipa
Sem ter onde chegar
Buscar o sentimento puro
A paisagem esquecida
Um sorriso de brisa

Lançar-me ao frescor da montanha
Praticar rapel
Ilhar-me no meu céu
Sem fundo
Sem mundo

Vislumbrar meu corpo
Serenoe sem graça
No banco da praça
Silêncio vívido
No horizonte do meu mar

BRINCOS DE PÉROLA

Dentro do ônibus
Sinto o barulho da rua
Da estrada nua
Se eu tivesse
Os brincos de pérola
Da moça do quadro
Eu poderia
Iluminar meu quarto
Ouvir minha música preferida
Voltar a sentir a vida
Assim poderia tocar o céu
Com as pontas dos dedos
Esquecer meus medos
Me abraçar nas oliveiras
E me ter por inteira

BIA

Olhar de primavera
Sentindo a brisa na janela
Com seu jeito de menina
Que tudo ilumina

Olhar os esquilos
Ouvir os grilos
Viver de alegria
Na nossa fantasia

Sonhos que nascem
Nos campos verdes da infância
Sempre semeados
Sempre amados

Vida que se inicia
Com sabor de melodia
Esperança no jardim
Beleza que não tem fim

APACHE

Eu estava aqui
Você chegou
Me encontrou
Me conquistou
Arrancou minha alma
Me derrotou
Me humilhou
Me expulsou
Eu tentei lutar
Eu resisti
Eu sorri
Eu perdi
Eu morri

AMARGURA

Não sei se vou conseguir
Esquecer todos esses anos
Que amargam minha boca

Não sei se brilharei
Neste meu céu
Que se perdeu na escuridão

Minha crença
Levou-me até onde pude chegar
E depois se derreteu
Na impureza do meu tempo

Meus ideais
Ficaram presos
Onde palavras apenas
Não conseguirão alcançar

AMARGO

Palavras cheias
Que me deixam vazio
Música triste
Que me faz vazio

Chuva que cai
Sem fazer sentido
Sol que não vem
E me deixa iludido

Paz que não chega
Vida que não acaba
Voz que não grita
Essa vontade de amar

Chuva que não molha
Sol que não queima
Voz que não sente
Vazio que não se cala
No amargo da alma